Antes de qualquer diagnóstico, toda criança tem uma trajetória de vida que precisa ser entendida. O renomado psicanalista Donald Winnicott já dizia: "Antes de uma criança ter um transtorno, ela tem uma história." Isso significa que dificuldades emocionais e comportamentais não surgem do nada, mas sim como respostas ao ambiente e às experiências vividas.
Pesquisas em psicologia infantil, psicanálise e neurociência mostram que os primeiros laços afetivos são fundamentais para o desenvolvimento emocional. Quando uma criança cresce em um ambiente instável, com falta de afeto, negligência ou excesso de cobranças, sua mente pode criar mecanismos de defesa que, se não forem compreendidos, podem se manifestar como ansiedade, hiperatividade ou outros desafios emocionais.
Hoje, a pressão escolar, o impacto das redes sociais e os desafios nas relações familiares aumentam ainda mais a vulnerabilidade das crianças. Muitas vezes, comportamentos vistos como "problemas" são, na verdade, tentativas de adaptação a um mundo que não oferece a segurança emocional necessária. Por isso, ao invés de focar apenas na medicalização, é essencial olhar para a criança como um todo. O caminho para um desenvolvimento saudável passa pelo acolhimento emocional, pelo apoio dos pais e pela criação de um ambiente que favoreça a expressão e a regulação das emoções.
Os transtornos infantis não devem ser vistos apenas como falhas individuais, mas como reflexos de uma história que precisa ser ouvida. Com uma abordagem cuidadosa e multidisciplinar, é possível ajudar a criança a reconstruir sua trajetória de forma mais saudável e resiliente. Além disso, é fundamental que escolas e políticas públicas contribuam para ambientes mais acolhedores, onde as crianças possam se desenvolver de maneira equilibrada e segura.
Em vez de rotular, é preciso compreender. Escutar a história por trás dos sintomas é o primeiro passo para transformar vidas.
Psi. Alessander Capalbo
Nenhum comentário:
Postar um comentário