A
crescente prevalência do uso exagerado de dispositivos móveis por crianças e
adolescentes tem despertado alarme em vários segmentos da sociedade moderna. A
propagação ubiquitária de smartphones e o acesso facilitado à internet
contribuíram para uma nova realidade: menores de idade excessivamente fixados
em seus aparelhos eletrônicos, frequentemente de maneira quase compulsiva
(Smith & Jones, 2020). Este fenômeno não é apenas uma questão de
comportamento, mas implica também em consequências psicológicas e emocionais
significativas que merecem um olhar analítico atento (Miller, 2019).
No
campo da psicanálise, especialmente nas contribuições de Donald Winnicott,
encontramos uma abordagem inovadora para entender esse comportamento. O uso
intenso de dispositivos móveis por jovens pode ser interpretado através das
lentes da teoria dos objetos transicionais de Winnicott (Winnicott, 1964).
Estes dispositivos podem atuar como tal, oferecendo um senso de segurança e
conforto emocional. No entanto, esse vínculo pode levar ao isolamento, com o
mundo digital substituindo interações sociais diretas (Greenfield, 2017).
Para
Winnicott, o celular, nesse sentido, age como um facilitador temporário para
enfrentar angústias e desafios emocionais (Winnicott, 1964). No entanto, o
apego excessivo pode mascarar problemas subjacentes, como dificuldades nas
relações interpessoais, baixa autoestima e ansiedades não resolvidas (Klein,
2018). A psicanálise, portanto, oferece uma ferramenta poderosa para desvendar
as motivações inconscientes por trás da dependência do celular, permitindo a
reinterpretação e estabilização emocional.
Além
da abordagem terapêutica, é crucial que pais e responsáveis estabeleçam limites
para o uso do celular, incentivem atividades físicas e sociais, e promovam
períodos de desconexão digital (Johnson, 2021). Este equilíbrio é essencial
para o desenvolvimento saudável de habilidades socioemocionais, autonomia e
resiliência.
A
psicanálise, sobretudo as ideias de Winnicott, oferece uma visão profunda sobre
o uso abusivo de dispositivos móveis por jovens. Essa perspectiva não apenas
ilumina as causas subjacentes desse comportamento, mas também orienta na busca
por soluções efetivas. Como destacou Winnicott, a evolução do uso de objetos
transicionais é um aspecto crucial no desenvolvimento psíquico, e seu manejo
adequado é fundamental para formar uma identidade robusta e saudável
(Winnicott, 1964). Assim, ao enfrentar o desafio do uso excessivo de
dispositivos móveis, as ideias de Winnicott se mostram essenciais para entender
e tratar essa complexa questão.
REFERÊNCIAS:
MILLER, T. Impactos
Psicológicos do Uso de Mídia Digital em Crianças. Child Psychology Quarterly,
v. 12, n. 2, p. 75-88, 2019.
WINNICOTT, D. A Criança, a
Família e o Mundo Externo. Londres: Penguin Books, 1964.
GREENFIELD, S. Mudança de
Mente: Como as Tecnologias Digitais Estão Deixando Sua Marca em Nossos
Cérebros. Random House, 2017.
KLEIN, P. As Consequências
Invisíveis do Vício em Telas. Psychological Perspectives, v. 61, n. 1, p.
102-117, 2018.
JOHNSON, L. Promovendo
Bem-estar Digital em Famílias. Family
Therapy Magazine, v. 20, n. 4, p. 34-39, 2021.
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